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Tambor Lakota: Batidas que Contam Histórias

Atualizado: 23 de mai.

O tambor de cura existe há pelo menos 40 mil anos em diversas culturas. Mas é ao vasto território da América do Norte que nos transportamos. Lá a tradição e a espiritualidade se entrelaçam na história rica e vibrante dos povos nativos. Essa história ecoa através das batidas de um instrumento sagrado: o tambor Lakota.


 (Frame Drum, Native American - Teton Dakota, Século 19, Metropolitan  Museum of Art)


Os Lakotas, uma das tribos da nação Sioux, têm uma história milenar enraizada nas Grandes Planícies da América do Norte. Caçadores habilidosos e guerreiros valentes, esses nativos americanos desenvolveram uma cultura rica e complexa ao longo dos séculos. Suas tradições espirituais desempenham um papel central em suas vidas, e o tambor Lakota é uma expressão notável dessa espiritualidade.


Registros raros

São raros os registros antigos de povos nativos utilizando o tambor. Dois vídeos, porém, são considerados os primeiros a serem registrados. Datados de 1894, os vídeos mostram os Nativos Americanos "Sioux Hair Coat", "Last Horse" e "Parts His Hair" performando a "Buffalo Dance" e em seguida podemos ver a "Ghost Dance" dos Sioux, com dançarinos em pinturas e trajes de guerra.


("Oldest Native American drumming video ever" | Afrodrumming, 2012)


Edward S. Curtis, o famoso fotógrafo do oeste americano do início do século XX, captura o significado do tambor em sua obra "Singing Deeds of Valour", uma fotogravura incluída na publicação de 1906, The North American Indian. É dele a foto abaixo.


("Singing deeds of valour", Cantando atos de valor | Edward S. Curtis, 1908)

"Quando aprendemos coisas em nossa cultura oral, há canções associadas a elas. Essas músicas são a certificação desse conhecimento. O que sempre digo às pessoas é que qualquer um pode cantar e qualquer um pode tocar o tambor."  Adrian Goulet, Guardião do Conhecimento

Tambor: o pulsar do coração 

Grande parte da música vital para os povos indígenas em todo o mundo é rica em percussão e muitas vezes conduzida pela batida do tambor. Substanciando a importância intrínseca dos tambores estão inúmeras tradições orais que personificam o som do tambor como a batida do coração da terra, o estrondo do trovão ou a pulsação da vida. 


Para os Lakotas, o tambor significava mais do que um instrumento musical, ele era o centro do próprio povo, um símbolo de unidade e uma expressão vibrante de sua espiritualidade. Ele desempenhava um papel crucial em cerimônias, celebrações e rituais espirituais, servindo como uma ponte entre o físico e o espiritual, entre o passado e o presente, para se comunicar com os ancestrais. 


Os tambores também são usados ​​para ajudar a curar os doentes e vulneráveis. Para os Lakotas, ao tocar o tambor estavam fazendo bater também o coração; ao cantar elevavam as orações e a energia a quem precisasse. Assim que antes da chegada da medicina ocidental, a música e a dança era o que curava o povo e os ajudava a superar momentos difíceis


  (Frame Drum, Native American - Teton Dakota, Século 19, Metropolitan  Museum of Art)

"O tambor é o instrumento que usamos para projetar música, para criar vibração. A vibração é curativa, esse é um dos nossos ensinamentos. À medida que você avança na vida você percebe o quão importante é a vibração, porque tudo vibra em um determinado nível." Adrian Goulet, Guardião do Conhecimento

A dimensão espiritual do Tambor

O som ancestral do tambor ecoa na essência espiritual da existência. Este instrumento sagrado é mais do que um mero veículo de celebração e dança; é um portal para estados ampliados de consciência, um guia nas jornadas interiores e uma expressão viva do coração pulsante da Mãe Terra.


Ao ressoar, o tambor nos conduz à dança cósmica dos ciclos sagrados da natureza, sintonizando-nos com os ritmos internos do universo. Mais que um objeto de percussão, ele é o cavalo que nos transporta em viagens interiores, desvendando nossas histórias pessoais, revelando bloqueios e despertando habilidades latentes.


O tambor não apenas nos devolve nosso ritmo pessoal, mas também atua como um eco de nossos intentos mais profundos. Cada batida conta nossa história, e, ao escutá-lo, mergulhamos na medicina de seu som, curando não apenas nosso corpo, mas nosso espírito.


Neste sagrado instrumento, encontramos um totem vivo, uma síntese de espírito de um animal - a pele, espírito de uma árvore - a madeira - e energia da intenção que o toca. O tambor é um guardião espiritual, um curador que nos desafia a tratá-lo com amor e respeito, reconhecendo a sacralidade que habita em suas fibras.


Associado ao sul, ao arquétipo do curador, ao elemento terra e às criaturas de quatro patas, o tambor se revela como um quadrante, uma bússola ancestral que nos orienta nas quatro direções da existência. Ele transcende o tempo e o espaço, conectando-nos com os elementos da natureza, arquétipos profundos e animais de poder que sussurram mensagens sagradas ao nosso ser.


Enquanto tocamos o tambor, ele se torna uma ferramenta para explorar o sagrado, uma linguagem através da qual a alma se expressa. Em suas batidas, encontramos a essência de quem somos, resgatamos nossa conexão com o divino e permitimos que o espírito de cura do tambor permeie cada aspecto de nossas vidas.


(Frame Drum, Native American - Teton Dakota, Século 19, Metropolitan  Museum of Art)


O Uso Tambor na Atualidade

Os tambores - não importa o estilo ou tipo - continuam sendo uma tábua de salvação cultural para os povos nativos e suas comunidades. Na atualidade, o tambor xamânico não é apenas uma peça de museu, mas uma tradição vibrante que continua a evoluir. 


Grupos e comunidades Lakotas, bem como entusiastas de diferentes origens, adotaram o tambor como uma forma de preservar e compartilhar essa rica herança cultural. Oficinas de fabricação de tambores, apresentações e eventos celebram a tradição, garantindo que as batidas do tambor não se percam no silêncio da história.


Tanto a música secular quanto a sacra existem entre o povo das Planícies do Norte. A música secular vem em muitas formas, desde canções de homenagem que comemoram a vida de uma pessoa até canções de dança para celebração comunitária de exibição em pow-wows até canções de gratidão pela vida cotidiana. Atualmente, a Gathering of Nations Pow Wow é o local mais acessível da música secular indiana das planícies. 


Neste vídeo, jovens indígenas se apresentam no Gathering of Nations com uma música nativa e o tambor xamânico.


(Hand Drum - 2018 Gathering of Nations Pow Wow | PowWows, 2018)


Um outro exemplo do esforço da preservação da música tradicional nativa, na qual o tambor é um instrumento central, é a união entre a Orquestra Sinfônica de South Dakota e o Lakota Music Project. Conduzido pelo maestro David Gier, essa união tem como objetivo fundir estilos orquestrais com canções e cerimônias nativas. 


Para saber mais, assista a este documentário:


(Frame Drum, Native American - Teton Dakota, Século 19, Metropolitan  Museum of Art)


Construção do Tambor Lakota/Xamânico

Feito tradicionalmente com pele de animais esticada sobre um aro de madeira, o tambor Lakota, ao qual também nos referimos como "xamânico", é uma obra-prima artesanal.  A pele esticada cria uma superfície vibrante que ressoa com profundidade e reverberação, produzindo uma gama de sons que são centrais em cerimônias, danças e narrativas orais transmitidas de geração em geração. Porém, para os povos nativos o tambor não é apenas um pedaço de madeira com couro cru, nele há também um espírito.


Aprenda a construir um tambor xamânico:

("The Native Drum - Premier Episode" | Cheyenne and Arapaho Productions, 2014)


Inspiração: Canção ao Espírito do Urso

Anishinaabe significa "o povo originário". Indígena, Nish. Nishnaad. Shinaab. Os Anishinaabe são um grupo de povos indígenas culturalmente relacionados, presentes na região dos Grandes Lagos, no Canadá e nos Estados Unidos. Eles têm sete ensinamentos em seu modo de viver: amor, humildade, respeito, honestidade, coragem, sabedoria e verdade


No vídeo a seguir, uma canção em homenagem ao espírito do Urso. "Spirit Bear Song", Canção do Espírito do Urso, fala sobre os espíritos dos Ursos que vem para nos amar, para nos curar. Os ursos curaram os povos das primeiras nações e lhes ensinaram sobre as medicinas, sobre alimentos para comer e sobre como se comportar na terra.


("Spirit Bear Song"| Ontario Native Women Association, 2023)


O tambor xamânico, com suas batidas profundas e ressonantes, é mais do que um instrumento musical - é um portal para a alma de um povo. Ao explorar a história dos Lakotas, entendemos que o tambor não é apenas uma tradição do passado, mas uma força viva que continua a conectar gerações, preservando uma parte essencial da rica herança cultural dos nativos americanos. 


Curso Fogo de Ritual de Som

Aprenda a usar o tambor xamânico em vivências, retiros, rituais e cerimônias com o som.




Que as batidas do Tambor Lakota continuem a ecoar, contando histórias e alimentando os espíritos por muitos anos vindouros.


Soundfulness Education


Referências:

"Oldest Native American drumming video ever" | Afrodrumming, 2012

"Spirit Bear Song"| Ontario Native Women Association, 2023

"The Native Drum - Premier Episode" | Cheyenne and Arapaho Productions, 2014

"Hand Drum - 2018 Gathering of Nations Pow Wow" | PowWows, 2018

South Dakota Symphony Orchestra and Lakota Music Project

"The Power of Drumming", Knowledge Keeper Adrian Goulet | BentArrowYEG, 2019

(Pictures | Metropolitan Museum of Art)

"A filha do Guardião do Fogo", Angeline Boulley, 2022

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